26 de mar. de 2009

Egoísmo

O que faz o brasileiro seguir em frente, indiferente do que aconteça?
Sempre todo nesse assunto com as pessoas que conheço e defendo a teoria do egoísmo.
Ontem as saias (Saia Justa – GNT) trouxeram esse assunto em sua pauta, e mais uma vez pensei sobre isso, aliás, diante da tal crise econômica mundial, tenho falado muito nisso, só ainda não havia escrito sobre isso. Então lá vai.

Em todo o mundo vemos as pessoas protestarem, tomarem a dianteira de seus interesses, participando dos mais variados modos de expressão, passeatas, greves, panelaços, e por ai vai. Enquanto que nós, os pacíficos brasileiros estamos aqui, acordando diariamente indo aos nossos trabalhos, pagando nossas contas, preocupados com o rumo do dinheiro, reclamando baixinho na fila do banco sobre os juros e taxas, mas fazer o que, tem que pagar. Depois ficamos horas no transito, rumo a nossas casas, nos torturando com os comentários dos radialistas que nos avisam a cada minuto que as coisas estão complicadas, piorando, e até hilárias, como a inabilidade dos nossos governantes em contar seus próprios funcionários. A gente escura tudo isso, olha pro transito impaciente e fica torcendo pra conseguir andar, e quando anda, ah quando anda a gente troca de rádio e procura ouvir uma musica pra distrair. Vamos pras nossas casas, descansamos ouvindo o noticiário da TV, quer dizer, estamos ali mas quase nunca ouvimos, ah ouvimos sim, quando a gente vê que vão comentar sobre o gol do fenômeno, comentamos o fato, fazemos piada sobre a forma física dele, e blá blá blá...

E no dia seguinte tudo recomeça.

A gente lê nos jornais que o mundo inteiro ta protestando, e soltamos a máxima, é, brasileiro é que num reclama, fica quieto...

É isso mesmo, ficamos quietos, ficamos quietos porque nosso lema é “eu tenho mais o que fazer, tenho que trabalhar se não ninguém paga minhas contas”, é assim que reagimos, tomando conta de nossas vidas individuais, dando um jeito pra esticar o dinheiro e continuar pagando impostos absurdos, rebolando com o cheque especial pra pagar seguros, contando cada linha do saldo pra cobrir taxas, engolindo absurdos no trabalho pra garantir o salário. E se esse acabar, a gente dá outro jeito, vira autônomo, consultor, free lance ou ambulante.

E quando falamos em coletividade??? Ah a gente só se une mesmo no carnaval, ai a gente faz mágica, lindas alegorias com papel marche,conseguimos ficar praticamente um mês sem trabalhar, mas damos um jeito, pagamos as contas.

É assim que somos, nós brasileiros, somos egoístas, é puro egoísmo sim, ninguém se levanta para reclamar, e se alguém o faz, a gente acha legal, bacana, mas não se envolve. “Eu??? E se der errado e sobrar pra mim???”, passeata pelo desarmamento???? Que saco, menos uma avenida pra transitar, participar??? Pra quê? Eu não tenho arma e ninguém que eu conheça foi atingido por uma bala perdida, por isso num moro no Rio.

Por falar nisso, só pra garantir, vou dar um jeito esse ano, pegar o 13º e as férias, e mandar blindar o carro, pelo menos não vou ter de me preocupar com armas.

É isso ai, se eu fizer umas horas extras, aproveito não pego transito porque saio do trabalho mais tarde, e consigo juntar o dinheiro para a blindagem... resolvido.

13 de mar. de 2009

Ciclos



Na vida tudo se organiza em ciclos, com início, apogeu, depressão e fim.

Esta é uma verdade tão certa que chega ser reconfortante, nos dá segurança, podemos contar com isto para chegar ao fim de algo que tem nos prejudicado, e ansiar por algo melhor que certamente em algum momento se iniciará.

São tantos os ciclos, que algumas vezes não percebemos seu movimento, certo e sempre sistêmico.

Quando envolvidos neles, buscamos sempre a zona de conforto, aquela que no meio do turbilhão nos faz permanecer em inércia, certos de que tudo não mudará. Até mesmo as situações ruins nos levam a isso.

Acomodamos-nos de forma tão confortável ao que é ruim quanto ao que é bom. Factualmente nos acostumamos a reclamar, lamentar, resmungar, apontar, criticar, justificar, nos vitimar, por sem mais confortável e seguro que ter a iniciativa de encerrar um ciclo e iniciar outro de forma consciente.

Observe, na maioria das vezes os ciclos tornam-se viciosos por pura acomodação. Torcemos e esperamos que eles terminem, mas muito poucas vezes temos coragem para encerrá-lo. E o medo de sair da zona de conforto e reiniciar??? Ah, esse medo é aterrador, sempre superior ao sofrimento da depressão dos ciclos. E se eu estiver errado e entrar em um ciclo que seja pior, e já inicie-se em crise?

Sim, porque os ciclos não são necessariamente positivos, os ciclos ruins também têm seu apogeu e depressão, são uma espécie de “filme negativo” dos ciclos bons.

No entanto, outra verdade, é a de que os ciclos não são eternos, o fim sempre se dará. Quando não somos sábios o suficiente colocamos nele um ponto final, ele por si só se encerra, só que muitas vezes de forma impactante, pouco natural. Justificando a máxima, ...”se você não resolve, a vida resolve por você”, a questão é, quando devemos encerrar um ciclo?

No seu apogeu? Tendo como exemplo os esportistas que se aposentaram no auge de suas carreiras? Após secar a ultima gota da depressão? Quando observarmos que estamos confortáveis?

Uma certeza há, os ciclos continuarão a revelia de nossa vontade, a nós cabe a decisão de ser seu epicentro ou apenas um ponto envolvido por seu movimento.