22 de out. de 2009

VIVA O INDIVIDUO

Um novo escritor é como uma refrescante brisa num dia de verão. Fico sempre muito orgulhosa ao deparar-me com a brisa, eis uma das melhores dela.



Acredito que todos tenham visto o Filme Matrix, aos que não viram fica a dica, numa dessas interminaveis reprises do Canal "TNT", vi uma cena que na época era insignificante, mas que hoje vi deforma diferente,  com um significado muito forte, ou melhor um sentimento muito forte, o medo de viver no mundo real.



Vou fazer um pequeno resumo do que é o filme, após uma guerra entre homens e máquinas, onde as máquinas venceram e dominaram o mundo, porém essa dominação destruiu o planeta e sua principal fonte de energia, o sol, tem sua penetração no planeta bloqueada como defesa contra as explosões nucleares. As máquinas então encontram no uso dos seres humanos uma poderosa fonte geradora de energia (literalmente pilhas), e para isso passam a cultivar o seres humanos em uma especie de animação suspensa, e para manter as mentes humanas ocupadas, as máquinas simulam um mundo Virtual, "Matrix".


Porém alguns seres humanos, conseguem libertar-se desse simulador e sugador de energia e formam uma rebelião contra as máquinas.

No filme, um dos integrantes da "rebelião" faz um acordo com as máquinas para entregar todo o grupo rebelde, em troca tudo o que ele quer é poder voltar a viver no mundo virtual sem ter nenhuma lembrança do mundo real, afinal diferente do mundo virtual que simula a vida como era antes da guerra entre homens e maquinas, o mundo real é menos que uma sombra do que foi em um passado distante.


Recetemente, após uma importante esperiencia pessoal, conversei francamente com uma pessoa que passou pela mesma experiencia que me confessou estar com saudades de antes, quando não conhecia todo o potencial que possuia, e por isso não precisava se cobrar tanto, e isso o estava assustando, tanto que tem medo de aplicar o conhecimento adiquirido por medo de avançar mais ainda e se distanciar daquele mundo seguro que conhecera antes.

Isso é o medo de ser feliz, de se dispor a viver realmente como se esse fossem os seus ultimos 15 minutos da sua vida, medo de que, ao sorrir para alguem na rua esse alguem retribua, de se permitir tentar e falhar, e quem sabe, até mesmo vencer!

Se tentar viver o mais plenamente que se pode é um vicio, que eu jamais encontre uma cura.


Que me venham  novas experiencias, mais aprendizados, que me levem ainda mais longe do homem conformado que um dia eu possa ter sido.

Abraços a todos


Texto de autoria de Julio C.Barros

16 de out. de 2009

Cheiro de vida

Quando era pequena adorava brincar na chuva.

Quando aquelas tempestades de verão se anunciavam eu ficava animada, excitada por "driblar" a vigilância da minha mãe e ir para o quintal, brincar sob uma enorme mangueira no fundo do quintal onde cresci.

Normalmente essa aventura terminava com algumas palmadas, um banho acompanhado de sermão e alguns minutos de castigo que me levavam a dormir.
Hoje, quase 30 anos depois dias chuvosos, os ditos dias cinza, me entristecem. Me trazem muita vontade de passá-lo dormindo, para que ele termine logo e para que então o Sol me traga um novo dia azulado e feliz. Acontece que morando em São Paulo, deixar de viver os dias chuvosos é entregar-se a depressão, considerando a vocação da cidade para os dias cinzentos.

Mas eu não posso continuar me entregando a esta terrível reminiscensa do passado, que ainda me faz acreditar que sair na chuva me fará levar broncas e palmadas.

Chega, hoje venci. Escolhi sair na chuva, permitir que ela me molhasse sem dramas ou promessas de gripes e pneumonias, e ao sair num dia chuvoso reencontrei o animo da infância para brincar na chuva, ao passar por uma praça de convivencia do meu bairro senti algo muito familiar, a principio não soube identificar, mas sentí-me feliz, alegre, parei alí por alguns momentos e percebi que era o cheiro, aquele cheiro de mato molhado que me alegrava na infancia estava ali.


Lembrei então que no verão costumo usar um sabonete que, segundo meu marido, tem cheiro de mato molhado... que delícia. Conseguiram captar a alegria da minha infancia e colocá-la ao meu alcance num frasco, basta que eu queira revivê-la.

Ao voltar daquela caminhada chuvosa, entreguei-me a um  delicioso banho cheio de cheiro de mato molhado, e depois dele, não fui para o castigo ou para a cama, segui com a vida, revivendo a alegria que um dia de chuva me traz.