17 de nov. de 2007

Os seres e os quereres

A música popular brasileira é algo que realmente me toca.
Me toca porque tem a alma brasileira como a minha, e me fala sem subterfúgios porque me fala em minha língua mãe. Não há o que raciocinar ou associar ao ouví-la porque é possível sentí-la. Chega ser distante dizer que ela é "algo", já que me parece mais "eu" por ser tão diretamente parte de mim.
Jamais compus ou cantei, não tenho habilidade para isso, mas sempre ouvi sobre mim em diversas canções. Como uma de Milton Nascimento em que ele diz que a música o toca tanto que ele se pergunta "como não fui eu que fiz". Bem ele pelo menos tem o talento e por isso se cobra a autoria de uma canção que o toque tanto não tendo sido ele o compositor.
Já eu, me tenho como total papel em branco, e minha alma se completa ao ouvir canções que me cantam, sem que eu jamais tenha sido a musa de qualquer compositor.
Ultimamente tenho ouvido especialmente Marisa Monte, e como ela tem me cantado, cantado meu amor, meus desejos, meu ser e meu querer.
Quando a ouço cantar o meu querer, em "Gerânio"uma música primorosa de seu album Infinito Particular, vislumbro a mulher que hoje desejo ser. Me aperta o peito, olhar pra frente e imaginar o que tenho de fazer para atingir este querer. Mas o desejo que ela também canta me toma, e meu ser em luta com o querer me remete a Caetano Veloso no Quereres. E me pergunto se o ser é fruto do querer. Se sou hoje o que quis em minha trajetória, e como meu querer de hoje poderá existir sobre o ser.
Conheço meu querer e também meu ser, e anseio agora pela música que cantará meu escolher.

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